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#1366476
•
prova:
94026
•
questão 1
prova
•
edital
Português
•
Interpretação de Textos
|
Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto
2023
•
Fauel
•
Prefeitura de Pien - PR
•
Auxiliar de Administração
Exibir texto associado
Considere atentamente o trecho a seguir, extraído de uma das crônicas de Paulo Mendes Campos, para responder a questão.
“O homem entra no bar para transcender-se: eis a miserável verdade. Entrei em muitos, bebo alguma coisa desde a minha adolescência, conheço bares em Porto Alegre, Buenos Aires, São Paulo, Rio, Salvador, Recife, Manaus, Brasília, João Pessoa, Petrópolis, Belém, Nova Iorque, Lisboa, Vigo, Londres, Roma, Nápoles, Siracusa, Agrigento, Marsala, Palermo, Veneza, Hamburgo, Berlim, Heidelberg, Dusseldorf, Colônia, Munique, Goettingen, Varsóvia, Estocolmo, Leningrado, Moscou, Pequim, Múquiden, Xangai, Santa Luzia e Sabará... Em 1954, viajando pela Alemanha de carro, cheguei, pouco depois da meia-noite, à cidade universitária do Goettingen. No Brasil, uma cidade cheia de estudantes costuma tumultuar-se pela madrugada. Mas Goettingen àquela hora entregava-se a um repouso unânime. Sem sono, reservei um quarto no hotel, perguntando ao empregado onde poderia beber qualquer coisa. – ‘Ah, senhor’ – respondeu orgulhoso o alemão – ‘Goettingen é uma cidade universitária, não existe nada aberto a esta hora’. – ‘O senhor está completamente enganado’ – retruquei-lhe. Ele se riu bondosamente de mim: tinha mais de sessenta anos, nascera em Goettingen, conhecia todas as ruas da cidade, todos os bares, seria humanamente impossível encontrar qualquer venda aberta depois de meia-noite. – ‘O senhor está completamente enganado’ – insistia eu. Outro alemão que viajava comigo reforçou a opinião do empregado do hotel, e começou a dissertar impertinentemente sobre as diferenças entre o Brasil e a Alemanha. Eu estava parecendo bobo – disse ele – não querendo aceitar esta germânica verdade: em Goettingen não havia um único bar aberto depois de meia-noite. A esta altura manifestei-lhes um princípio universal pelo qual sempre me guiei: – ‘Pois fiquem vocês sabendo que em todas as cidades, todas as vilas e povoados do mundo, há pelo menos duas pessoas que continuam a beber depois da meia-noite; aqui em Goettingen há pelo menos duas pessoas que estão bebendo neste momento; vou encontrá-las’. Meio cético a respeito do meu princípio, mas solidário com o amigo, resolveu acompanhar-me. Saímos para a noite morta de Goettingen, e fomos andando pelas ruas paralisadas. No fim duma rua comprida e oblíqua, vi um cubo iluminado, mais parecido com um anúncio de barbearia, e afirmei: ‘É ali’. Ao fim da passagem lateral, por onde entramos, demos com a porta fechada. Batemos em vão, e já íamos embora, desapontados, quando notei no corredor uma escada circular para o porão, cavada na pedra. No primeiro patamar, ouvimos música. Tomei um ar superior de vidente e desci o segundo lance. Empurrada a grossa porta, recebi uma salutar lufada de música, de tabaco, de gente, de aromas etílicos. Foi como se eu reconquistasse o paraíso. O boteco dançava e bebia animadamente, repleto de jovens universitários e lindas universitárias de bochechas coradas e riso amorável. Não havia uma única mesa vaga, mas três segundos depois eu estava a beber um magnífico branco do Reno e a explicar para os estudantes, que nos acolheram com simpatia, o princípio universal que rege a vida noturna. E eles acataram o meu pacífico princípio como um axioma luminoso”
. (“Por que bebemos tanto assim”, de Paulo Mendes Campos, com adaptações).
Em relação à interpretação do texto, pode-se afirmar que:
A
a legislação alemã, diferente da brasileira, proibia o comércio noturno.
B
não havia nenhum bar aberto em Goettingen.
C
o viajante brasileiro teve sua expectativa frustrada.
D
o empregado do hotel sabia tudo a respeito da sua cidade natal.
E
por fim, o autor do texto tinha razão.
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#1366477
•
prova:
94026
•
questão 2
prova
•
edital
Português
•
Interpretação de Textos
|
Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto
2023
•
Fauel
•
Prefeitura de Pien - PR
•
Auxiliar de Administração
Exibir texto associado
Considere atentamente o trecho a seguir, extraído de uma das crônicas de Paulo Mendes Campos, para responder a questão.
“O homem entra no bar para transcender-se: eis a miserável verdade. Entrei em muitos, bebo alguma coisa desde a minha adolescência, conheço bares em Porto Alegre, Buenos Aires, São Paulo, Rio, Salvador, Recife, Manaus, Brasília, João Pessoa, Petrópolis, Belém, Nova Iorque, Lisboa, Vigo, Londres, Roma, Nápoles, Siracusa, Agrigento, Marsala, Palermo, Veneza, Hamburgo, Berlim, Heidelberg, Dusseldorf, Colônia, Munique, Goettingen, Varsóvia, Estocolmo, Leningrado, Moscou, Pequim, Múquiden, Xangai, Santa Luzia e Sabará... Em 1954, viajando pela Alemanha de carro, cheguei, pouco depois da meia-noite, à cidade universitária do Goettingen. No Brasil, uma cidade cheia de estudantes costuma tumultuar-se pela madrugada. Mas Goettingen àquela hora entregava-se a um repouso unânime. Sem sono, reservei um quarto no hotel, perguntando ao empregado onde poderia beber qualquer coisa. – ‘Ah, senhor’ – respondeu orgulhoso o alemão – ‘Goettingen é uma cidade universitária, não existe nada aberto a esta hora’. – ‘O senhor está completamente enganado’ – retruquei-lhe. Ele se riu bondosamente de mim: tinha mais de sessenta anos, nascera em Goettingen, conhecia todas as ruas da cidade, todos os bares, seria humanamente impossível encontrar qualquer venda aberta depois de meia-noite. – ‘O senhor está completamente enganado’ – insistia eu. Outro alemão que viajava comigo reforçou a opinião do empregado do hotel, e começou a dissertar impertinentemente sobre as diferenças entre o Brasil e a Alemanha. Eu estava parecendo bobo – disse ele – não querendo aceitar esta germânica verdade: em Goettingen não havia um único bar aberto depois de meia-noite. A esta altura manifestei-lhes um princípio universal pelo qual sempre me guiei: – ‘Pois fiquem vocês sabendo que em todas as cidades, todas as vilas e povoados do mundo, há pelo menos duas pessoas que continuam a beber depois da meia-noite; aqui em Goettingen há pelo menos duas pessoas que estão bebendo neste momento; vou encontrá-las’. Meio cético a respeito do meu princípio, mas solidário com o amigo, resolveu acompanhar-me. Saímos para a noite morta de Goettingen, e fomos andando pelas ruas paralisadas. No fim duma rua comprida e oblíqua, vi um cubo iluminado, mais parecido com um anúncio de barbearia, e afirmei: ‘É ali’. Ao fim da passagem lateral, por onde entramos, demos com a porta fechada. Batemos em vão, e já íamos embora, desapontados, quando notei no corredor uma escada circular para o porão, cavada na pedra. No primeiro patamar, ouvimos música. Tomei um ar superior de vidente e desci o segundo lance. Empurrada a grossa porta, recebi uma salutar lufada de música, de tabaco, de gente, de aromas etílicos. Foi como se eu reconquistasse o paraíso. O boteco dançava e bebia animadamente, repleto de jovens universitários e lindas universitárias de bochechas coradas e riso amorável. Não havia uma única mesa vaga, mas três segundos depois eu estava a beber um magnífico branco do Reno e a explicar para os estudantes, que nos acolheram com simpatia, o princípio universal que rege a vida noturna. E eles acataram o meu pacífico princípio como um axioma luminoso”
. (“Por que bebemos tanto assim”, de Paulo Mendes Campos, com adaptações).
Logo no início do texto, ao citar explicitamente o nome de uma série de cidades, o autor pretende:
A
chamar a atenção do leitor para o caráter global do problema do alcoolismo.
B
demonstrar que os clientes de bares sentem-se em casa mesmo no exterior.
C
introduzir o leitor no vasto mundo do turismo internacional.
D
reforçar com evidências a afirmação anterior de que já teria entrado em muitos bares.
E
simplesmente aumentar a extensão do texto, para ser publicado num jornal.
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#1366478
•
prova:
94026
•
questão 3
prova
•
edital
Português
•
Funções Morfossintáticas da Palavra Se
2023
•
Fauel
•
Prefeitura de Pien - PR
•
Auxiliar de Administração
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Considere atentamente o trecho a seguir, extraído de uma das crônicas de Paulo Mendes Campos, para responder a questão.
“O homem entra no bar para transcender-se: eis a miserável verdade. Entrei em muitos, bebo alguma coisa desde a minha adolescência, conheço bares em Porto Alegre, Buenos Aires, São Paulo, Rio, Salvador, Recife, Manaus, Brasília, João Pessoa, Petrópolis, Belém, Nova Iorque, Lisboa, Vigo, Londres, Roma, Nápoles, Siracusa, Agrigento, Marsala, Palermo, Veneza, Hamburgo, Berlim, Heidelberg, Dusseldorf, Colônia, Munique, Goettingen, Varsóvia, Estocolmo, Leningrado, Moscou, Pequim, Múquiden, Xangai, Santa Luzia e Sabará... Em 1954, viajando pela Alemanha de carro, cheguei, pouco depois da meia-noite, à cidade universitária do Goettingen. No Brasil, uma cidade cheia de estudantes costuma tumultuar-se pela madrugada. Mas Goettingen àquela hora entregava-se a um repouso unânime. Sem sono, reservei um quarto no hotel, perguntando ao empregado onde poderia beber qualquer coisa. – ‘Ah, senhor’ – respondeu orgulhoso o alemão – ‘Goettingen é uma cidade universitária, não existe nada aberto a esta hora’. – ‘O senhor está completamente enganado’ – retruquei-lhe. Ele se riu bondosamente de mim: tinha mais de sessenta anos, nascera em Goettingen, conhecia todas as ruas da cidade, todos os bares, seria humanamente impossível encontrar qualquer venda aberta depois de meia-noite. – ‘O senhor está completamente enganado’ – insistia eu. Outro alemão que viajava comigo reforçou a opinião do empregado do hotel, e começou a dissertar impertinentemente sobre as diferenças entre o Brasil e a Alemanha. Eu estava parecendo bobo – disse ele – não querendo aceitar esta germânica verdade: em Goettingen não havia um único bar aberto depois de meia-noite. A esta altura manifestei-lhes um princípio universal pelo qual sempre me guiei: – ‘Pois fiquem vocês sabendo que em todas as cidades, todas as vilas e povoados do mundo, há pelo menos duas pessoas que continuam a beber depois da meia-noite; aqui em Goettingen há pelo menos duas pessoas que estão bebendo neste momento; vou encontrá-las’. Meio cético a respeito do meu princípio, mas solidário com o amigo, resolveu acompanhar-me. Saímos para a noite morta de Goettingen, e fomos andando pelas ruas paralisadas. No fim duma rua comprida e oblíqua, vi um cubo iluminado, mais parecido com um anúncio de barbearia, e afirmei: ‘É ali’. Ao fim da passagem lateral, por onde entramos, demos com a porta fechada. Batemos em vão, e já íamos embora, desapontados, quando notei no corredor uma escada circular para o porão, cavada na pedra. No primeiro patamar, ouvimos música. Tomei um ar superior de vidente e desci o segundo lance. Empurrada a grossa porta, recebi uma salutar lufada de música, de tabaco, de gente, de aromas etílicos. Foi como se eu reconquistasse o paraíso. O boteco dançava e bebia animadamente, repleto de jovens universitários e lindas universitárias de bochechas coradas e riso amorável. Não havia uma única mesa vaga, mas três segundos depois eu estava a beber um magnífico branco do Reno e a explicar para os estudantes, que nos acolheram com simpatia, o princípio universal que rege a vida noturna. E eles acataram o meu pacífico princípio como um axioma luminoso”
. (“Por que bebemos tanto assim”, de Paulo Mendes Campos, com adaptações).
No trecho “O homem entra no bar para transcender-se”, a partícula “-se”, ligada ao verbo “transcender-se”, pode ser classificada como:
A
conjunção condicional.
B
índice de indeterminação de sujeito.
C
partícula de realce.
D
pronome reflexivo.
E
pronome apassivador.
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#1366479
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prova:
94026
•
questão 4
prova
•
edital
Português
•
Pontuação
|
Uso dos Dois-pontos
2023
•
Fauel
•
Prefeitura de Pien - PR
•
Auxiliar de Administração
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Considere atentamente o trecho a seguir, extraído de uma das crônicas de Paulo Mendes Campos, para responder a questão.
“O homem entra no bar para transcender-se: eis a miserável verdade. Entrei em muitos, bebo alguma coisa desde a minha adolescência, conheço bares em Porto Alegre, Buenos Aires, São Paulo, Rio, Salvador, Recife, Manaus, Brasília, João Pessoa, Petrópolis, Belém, Nova Iorque, Lisboa, Vigo, Londres, Roma, Nápoles, Siracusa, Agrigento, Marsala, Palermo, Veneza, Hamburgo, Berlim, Heidelberg, Dusseldorf, Colônia, Munique, Goettingen, Varsóvia, Estocolmo, Leningrado, Moscou, Pequim, Múquiden, Xangai, Santa Luzia e Sabará... Em 1954, viajando pela Alemanha de carro, cheguei, pouco depois da meia-noite, à cidade universitária do Goettingen. No Brasil, uma cidade cheia de estudantes costuma tumultuar-se pela madrugada. Mas Goettingen àquela hora entregava-se a um repouso unânime. Sem sono, reservei um quarto no hotel, perguntando ao empregado onde poderia beber qualquer coisa. – ‘Ah, senhor’ – respondeu orgulhoso o alemão – ‘Goettingen é uma cidade universitária, não existe nada aberto a esta hora’. – ‘O senhor está completamente enganado’ – retruquei-lhe. Ele se riu bondosamente de mim: tinha mais de sessenta anos, nascera em Goettingen, conhecia todas as ruas da cidade, todos os bares, seria humanamente impossível encontrar qualquer venda aberta depois de meia-noite. – ‘O senhor está completamente enganado’ – insistia eu. Outro alemão que viajava comigo reforçou a opinião do empregado do hotel, e começou a dissertar impertinentemente sobre as diferenças entre o Brasil e a Alemanha. Eu estava parecendo bobo – disse ele – não querendo aceitar esta germânica verdade: em Goettingen não havia um único bar aberto depois de meia-noite. A esta altura manifestei-lhes um princípio universal pelo qual sempre me guiei: – ‘Pois fiquem vocês sabendo que em todas as cidades, todas as vilas e povoados do mundo, há pelo menos duas pessoas que continuam a beber depois da meia-noite; aqui em Goettingen há pelo menos duas pessoas que estão bebendo neste momento; vou encontrá-las’. Meio cético a respeito do meu princípio, mas solidário com o amigo, resolveu acompanhar-me. Saímos para a noite morta de Goettingen, e fomos andando pelas ruas paralisadas. No fim duma rua comprida e oblíqua, vi um cubo iluminado, mais parecido com um anúncio de barbearia, e afirmei: ‘É ali’. Ao fim da passagem lateral, por onde entramos, demos com a porta fechada. Batemos em vão, e já íamos embora, desapontados, quando notei no corredor uma escada circular para o porão, cavada na pedra. No primeiro patamar, ouvimos música. Tomei um ar superior de vidente e desci o segundo lance. Empurrada a grossa porta, recebi uma salutar lufada de música, de tabaco, de gente, de aromas etílicos. Foi como se eu reconquistasse o paraíso. O boteco dançava e bebia animadamente, repleto de jovens universitários e lindas universitárias de bochechas coradas e riso amorável. Não havia uma única mesa vaga, mas três segundos depois eu estava a beber um magnífico branco do Reno e a explicar para os estudantes, que nos acolheram com simpatia, o princípio universal que rege a vida noturna. E eles acataram o meu pacífico princípio como um axioma luminoso”
. (“Por que bebemos tanto assim”, de Paulo Mendes Campos, com adaptações).
No trecho “Ele se riu bondosamente de mim: tinha mais de sessenta anos…”, o uso da pontuação denominada dois-pontos serve para introduzir no texto uma:
A
citação.
B
dúvida.
C
enumeração.
D
explicação.
E
reticência.
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#1366480
•
prova:
94026
•
questão 5
prova
•
edital
Português
•
Morfologia - Pronomes
|
Morfologia
|
Morfologia Verbal
|
Preposições
|
Substantivos
|
Advérbios
2023
•
Fauel
•
Prefeitura de Pien - PR
•
Auxiliar de Administração
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Considere atentamente o trecho a seguir, extraído de uma das crônicas de Paulo Mendes Campos, para responder a questão.
“O homem entra no bar para transcender-se: eis a miserável verdade. Entrei em muitos, bebo alguma coisa desde a minha adolescência, conheço bares em Porto Alegre, Buenos Aires, São Paulo, Rio, Salvador, Recife, Manaus, Brasília, João Pessoa, Petrópolis, Belém, Nova Iorque, Lisboa, Vigo, Londres, Roma, Nápoles, Siracusa, Agrigento, Marsala, Palermo, Veneza, Hamburgo, Berlim, Heidelberg, Dusseldorf, Colônia, Munique, Goettingen, Varsóvia, Estocolmo, Leningrado, Moscou, Pequim, Múquiden, Xangai, Santa Luzia e Sabará... Em 1954, viajando pela Alemanha de carro, cheguei, pouco depois da meia-noite, à cidade universitária do Goettingen. No Brasil, uma cidade cheia de estudantes costuma tumultuar-se pela madrugada. Mas Goettingen àquela hora entregava-se a um repouso unânime. Sem sono, reservei um quarto no hotel, perguntando ao empregado onde poderia beber qualquer coisa. – ‘Ah, senhor’ – respondeu orgulhoso o alemão – ‘Goettingen é uma cidade universitária, não existe nada aberto a esta hora’. – ‘O senhor está completamente enganado’ – retruquei-lhe. Ele se riu bondosamente de mim: tinha mais de sessenta anos, nascera em Goettingen, conhecia todas as ruas da cidade, todos os bares, seria humanamente impossível encontrar qualquer venda aberta depois de meia-noite. – ‘O senhor está completamente enganado’ – insistia eu. Outro alemão que viajava comigo reforçou a opinião do empregado do hotel, e começou a dissertar impertinentemente sobre as diferenças entre o Brasil e a Alemanha. Eu estava parecendo bobo – disse ele – não querendo aceitar esta germânica verdade: em Goettingen não havia um único bar aberto depois de meia-noite. A esta altura manifestei-lhes um princípio universal pelo qual sempre me guiei: – ‘Pois fiquem vocês sabendo que em todas as cidades, todas as vilas e povoados do mundo, há pelo menos duas pessoas que continuam a beber depois da meia-noite; aqui em Goettingen há pelo menos duas pessoas que estão bebendo neste momento; vou encontrá-las’. Meio cético a respeito do meu princípio, mas solidário com o amigo, resolveu acompanhar-me. Saímos para a noite morta de Goettingen, e fomos andando pelas ruas paralisadas. No fim duma rua comprida e oblíqua, vi um cubo iluminado, mais parecido com um anúncio de barbearia, e afirmei: ‘É ali’. Ao fim da passagem lateral, por onde entramos, demos com a porta fechada. Batemos em vão, e já íamos embora, desapontados, quando notei no corredor uma escada circular para o porão, cavada na pedra. No primeiro patamar, ouvimos música. Tomei um ar superior de vidente e desci o segundo lance. Empurrada a grossa porta, recebi uma salutar lufada de música, de tabaco, de gente, de aromas etílicos. Foi como se eu reconquistasse o paraíso. O boteco dançava e bebia animadamente, repleto de jovens universitários e lindas universitárias de bochechas coradas e riso amorável. Não havia uma única mesa vaga, mas três segundos depois eu estava a beber um magnífico branco do Reno e a explicar para os estudantes, que nos acolheram com simpatia, o princípio universal que rege a vida noturna. E eles acataram o meu pacífico princípio como um axioma luminoso”
. (“Por que bebemos tanto assim”, de Paulo Mendes Campos, com adaptações).
No trecho “começou a dissertar impertinentemente sobre as diferenças entre o Brasil e a Alemanha”, o termo “impertinentemente” pode ser classificado como:
A
advérbio.
B
pronome.
C
substantivo.
D
verbo.
E
preposição.
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