Leia o texto e responda o que se pede no comando das questões.
Uma borboleta bate asas na China...
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...e a situação fica como a teoria do caos gosta: imprevisível
Estaria um inimigo invisível e incontrolável perto de retirar o “mandato do céu” de Xi Jinping? Nas entranhas da web, apesar de todos os mecanismos de censura, isso já não é um tabu. O mandato celestial é o milenar conjunto de crenças e tradições filosóficas que sustentava a legitimidade do imperador. Tipo uma pesquisa de opinião: o governante justo podia perder a proteção divina se pisasse na bola. E lá se ia junto o trono do dragão.
O efeito coronavírus, como o bater das asas da borboleta que provoca um tufão do outro lado do mundo, segundo a teoria do caos, está derrubando muitas ideias preconcebidas. Uma das mais arraigadas é que o infinito mar humano da maior população mundial aceita passivamente tudo o que emana de uma liderança que parece inabalável, contanto que o contrato social de melhoria coletiva do padrão de vida seja mantido. Para a eventualidade de não aceitar, a “ditadura perfeita” tem o maior arsenal de controle social de todos os tempos. Inteligência artificial, reconhecimento facial, comando total sobre os megadados. Nos casos específicos, os drones que sobrevoam casas de confinados pela epidemia e avisam que não podem sair, precisam usar máscaras e respeitar as regras. Falhando tudo isso, aparecem policiais que dão umas varadas nos recalcitrantes.
As cenas que rodam a internet são extraordinariamente parecidas, exceto pelos recursos da alta tecnologia, com as da Campanha contra as Quatro Pragas. O imperador era Mao Tsé-tung, a China de 1958 era um desastre de saúde pública e os objetivos eram elevados: eliminar as pragas que espalhavam doenças infecciosas ou comiam os grãos de arroz que mal davam para encher uma pequena tigela, alimentação-padrão da grande maioria na época. O resultado foi orgulhosamente contabilizado: eliminaram-se 1 bilhão de pardais, 1,5 bilhão de ratos, 100 milhões de quilos de moscas e 11 milhões de quilos de pernilongos. Os pardais morriam por exaustão, obrigados a voar, sem parar, por massas incansáveis que batiam panelas e agitavam varas de bambu. Deu em desastre. Outros insetos proliferaram, sem seus predadores naturais. Combinada com o Grande Salto Adiante, o tosco e alucinante plano de coletivização e industrialização do campo, a Campanha contra as Quatro Pragas provocou fome em escala inimaginável. Agricultores eram obrigados, sob tortura, a trabalhar até a morte. Se demorassem, eram enterrados vivos.
A China de hoje é paradisiaca comparada a esse passado nem tão distante. Xi Jinping comanda a arrancada para o posto de superpotência dominante e faz tudo para parecer um “bom imperador”. A demora em reconhecer a gravidade da epidemia já está sendo punida no nível regional. Ele tem a situação sob controle, talvez sua palavra predileta? Impossível responder. A peste negra, que consumiu um terço da população da Europa no século XIV, começou na China, onde são endêmicos os ratos e outros roedores portadores da pulga que transmite a bactéria Yersinia pestis. A epidemia pode ter devorado quase metade da população de 120 milhões de chineses da época, precipitando a queda da dinastia Yuan, fruto do domínio mongol na China. Uma bactéria que derruba impérios é uma metáfora perfeita para a teoria do caos. Quem melhor do que Xi Jinping, o imperador que aposta tudo na estabilidade, para saber disso?
(GRYZINSKI, Vilma. Revista Veja. 19.02.2020. p.75)
Sobre o primeiro parágrafo do texto, é inadequado afirmar:
que “Estaria”, futuro do pretérito, indica um fato vindouro em relação ao presente.
que “invisível” e “incontrolável” seguem a mesma regra de acentuação gráfica.
que “mandato” e “mandado” são parônimos, significando ordem judicial e delegação, respectivamente.
que o anafórico “isso” se refere à possibilidade de Xi Jinping perdero poder.
“O efeito coronavirus, como o bater das asas da borboleta que provoca um tufão do outro lado do mundo, segundo a teoria do caos, está derrubando muitas ideias preconcebidas.”. Falhou a análise do período em:
"O efeito coronavírus” é o sujeito de “está derrubando”.
O conectivo “como” introduz uma ideia comparativa.
“segundo” pode ser substituído, sem alteração semântica, por “apesar de”.
O antecedente do relativo “que” é“ o bater das asas”.
Segundo o quarto parágrafo, a palavra preferida do imperador chinês é:
controle.
superpotência.
paradisíaca.
dominante.
No segundo e no quarto parágrafos, as aspas objetivam:
indicar citação.
destacar estrangeirismos.
dar ênfase ao discurso direto.
sinalizar ironias.
A classificação da regência verbal está correta em:
"(...) comiamos grãos de arroz (...)” - verbo transitivo indireto.
“(...) que consumiu um terço da população (...)" - verbo transitivo direto e indireto.
(...) se pisasse na bola.” - verbo transitivo indireto.
(...) Começou na China (...)” -intransitivo.
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