Leia o texto para responder às questões de números 01 a 08.
Objetos de estimação
Os objetos do outro não devem ser menosprezados. Não se pode julgar pela aparência, pois, muitas vezes, são de estimação. O valor emocional nunca está explícito na etiqueta. Assim, um tênis velho pode ser o mais confortável. Um chinelo indigente talvez represente a liberdade do lar. Não são objetos de valor, como um relógio antigo ou um colar de prata. Mas são objetos quebrados, machucados, sofridos, enferrujados.
O avô de Fabrício, Leônida, por exemplo, entrava em pânico quando não achava a tesourinha de aparar bigode, que tinha desde a época de sua adolescência. Às vezes, ele nem queria a tesourinha para usar na hora, era somente para se certificar de que permanecia no mesmo lugar onde a tinha deixado.
A maior indignação de Leônida foi quando desapareceu o seu pulôver amarelo, que repousava sempre nas costas de uma cadeira. Tamanho o apego, nem corria o risco de colocá-lo para lavar com frequência. Vestia a malha para cortar lenha de manhã. Qualquer um o enxergava de longe, trabalhando com a machadinha no quintal.
Um dia, depois de procurar incansavelmente o pulôver nas gavetas e nos armários, de esculhambar a casa, revirar o quarto, chegou perto da mulher, que estava encerando o piso, e perguntou-lhe se ela não tinha pegado a peça por engano. Ela nem precisou responder. Leônida, arrasado, enxergou o pulôver amarelo nos pés de sua esposa. Havia sido aposentado à força e transformado num pano para lustrar o chão.
(Fabrício Carpinejar. Família é tudo. 4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2020. Adaptado)
De acordo com o primeiro parágrafo, é correto afirmar que
chega a ser doentio guardar objetos muito antigos, uma vez que estes nem são mais utilizados com frequência.
ficar guardando coisas já bastante usadas é importante, porque evita o consumismo.
as pessoas costumam preservar aquilo que possui maior valor material, pois fizeram muito sacrifício para a sua aquisição.
é comum respeitar a vontade de manter os objetos já usados, porque há uma compreensão do significado que estes têm para quem os preserva.
guardar objetos, mesmo que em mau estado, faz sentido para as pessoas, pois cada uma sabe o que eles representam.
Conforme o texto, é correto afirmar que o avô de Fabrício
foi desconsiderado pela esposa, quando esta desrespeitou a relação afetiva que ele tinha com o pulôver amarelo.
gostava quando os netos pediam para vê-lo usando a tesourinha ao aparar o bigode.
aceitou com tranquilidade que o pulôver amarelo havia sido aposentado.
cuidava para que o pulôver se mantivesse limpo, e a tesourinha bem guardada.
já imaginava que o pulôver seria logo transformado num pano de chão.
Segundo o texto, Leônidas sentiu, em relação ao pulôver, na ordem em que os sentimentos se apresentaram:
tédio e raiva.
angústia e empatia.
revolta e tristeza.
preocupação e nojo.
raiva e alívio.
Na frase contida no 4o parágrafo − Um dia, depois de procurar incansavelmente o pulôver nas gavetas e nos armários, de esculhambar a casa ... −, as palavras destacadas podem ser substituídas, na ordem em que se apresentam e sem alteração de sentido, por:
calmamente ... revirar
persistentemente ... bagunçar
ansiosamente ... sujar
apressadamente ... danificar
cuidadosamente ... estragar
Assinale a alternativa em que o termo destacado na frase atribui uma característica à palavra anterior.
... não achava a tesourinha de aparar bigode... (2o parágrafo)
... permanecia no mesmo lugar onde a tinha deixado. (2o parágrafo)
Vestia a malha para cortar lenha de manhã. (3o parágrafo)
... perguntou-lhe se ela não tinha pegado a peça por engano. (4o parágrafo)
... enxergou o pulôver amarelo nos pés de sua esposa. (4o parágrafo)
© copyright - todos os direitos reservados | olhonavaga.com.br